terça-feira, 7 de junho de 2011





Origem dos Bolos

Os primeiros bolos eram feitos de ingredientes simples e
eram como símbolo de superstições míticos deões antigos.

As antigas rotas de comércio trouxeram as exóticas
especiarias de Extremo Oriente; amêndoas, águas de flores,
cítricos, tâmaras e figos do Médio Oriente; cana-de-açúcar
do Oriente e do Sul. Na Europa, durante a Idade Média, estes cobiçados ingredientes só estavam ao dispor dos monges e da aristocracia endinheirada que criou bolos como os pães de mel e de gengibre e biscoitos.

Com o aumento do comércio, deu-se uma transformação completa nos hábitos alimentares do mundo ocidental. Os mercadores árabes e os soldados que
regressaram das cruzadas divulgaram o uso das especiarias e as receitas do Médio Oriente.

Nas principais cidades comerciais da Europa Central, formaram-se associações de padeiros e em finais da Idade Média as especiarias já eram
usadas nas casas ricas de toda a Europa, proporcionando cozinhados mais imaginativos e engenhosos. Quando as amêndoas e o açúcar se tornaram populares surgiu o «marchepane» (maçapão) moldado em formas de madeira comrelevos ilustrando ensinamentos religiosos.

Os livros de culinária também tiveram um papel importante na divulgação das tradições gastronómicas das diferentes etnias. Os textos árabes antigos, os manuscritos dos grandes cozinheiros das casas reais, as receitas dos humildes monges e mesmo das donas de casa, atravessaram os continentes e foram copiados e traduzidos em muitas línguas. Nos últimos 150 anos deram-se as mais rápidas e maiores trocas culturais.


Fonte: O Grande Livro dos Bolos


O DOM DE COZINHAR


Comer é um dos grandes prazeres da vida. Tudo bem, uma
afirmação dessas não é nada surpreendente vinda de um
semi-gordo (ênfase no semi) como eu, mas o fato é que
pessoas sem quilinhos a mais também concordam. Tirando
aquelas crianças chatas e outros poucos seres humanos
incompreensíveis para os quais se alimentar nada mais é do
que uma obrigação, a imensa maioria sente prazer ao saber
que vai comer algo saboroso.

Só que estes pratos não surgem em passe de mágica. Existe
uma ciência por trás de todos os víveres deliciosos que
ansiamos por fazer a digestão. Cozinhar é, sim, uma arte. Na
verdade, é mais do que uma arte, posto que ninguém consegue
sobreviver por muito tempo sem comida. Por tudo isso, os
cozinheiros são mais que artistas; são deuses, que merecem a
nossa reverência e adoração.

Estou exagerando? Talvez. Mas vejam o meu caso. Como afirmei
no início desse texto, acho comer um dos grandes prazeres da
vida. Só que quem definiu as minhas habilidades e dons como
ser humano (seja minha mãe, meu pai, Deus, Papai Noel ou
quem quer que seja) simplesmente esqueceu de colocar “dotes
culinários” na lista. Como resultado, minha habilidade na
cozinha resume-se a abrir a geladeira com a velocidade
necessária para criar aquela expectativa sobre o que este
electrodoméstico esconde. Nada mais.

Então, o que seria de mim sem estas pessoas fabulosas que
transformam pedaços de comida grotescos em objectos de
desejo? Empregadas, mães, chefes de restaurante, amigos,
parentes, seja o que for. Entrou na cozinha e saiu com um
prato saboroso na mão, pode ter a certeza de que acaba de
ganhar o meu respeito por muitos anos. E, claro, se o
destino do prato for o meu estômago, já tem o meu respeito
por toda a eternidade.

Ainda tem outra coisa. Todo e qualquer cozinheiro, além de
um ser iluminado por colocar o prazer em paladares alheios,
é uma pessoa de paciência admirável. Isso porque o tempo
despendido em produzir uma refeição é, no mínimo, três vezes
maior do que o tempo levado para devorá-la de forma
completa.

Imaginem a cena. Um jantar em família. Irmãos, primos e sei
lá mais quem vem à sua casa num domingo. Animado com aquilo,
você decide cozinhar um daqueles pratos que a sua mãe lhe
ensinou o segredo e que ninguém jamais conseguiu fazer
igual. Vamos dizer que você passe pelo menos duas horas na
cozinha, sujando a si mesmo, sujando o chão, sujando quem
passa ao seu lado. Suando com o calor, desejando estar rindo
e conversando junto com os outros, amaldiçoando sua mãe por
ter lhe ensinado o segredo desse prato.

Até que a refeição fica pronta. E toda a animação volta
quando se enxerga aquele prato esteticamente lindo e –
provavelmente – saboroso. Desejoso em agradar o bando, você
coloca o prato na mesa, esperando que eles saibam apreciar o
esforço e a dedicação colocados ali. Só que, em menos de
quinze minutos, o mesmo prato que havia sido o recipiente de
tanto amor e carinho é devorado como se aquelas pessoas
fossem uma horda de bárbaros que jamais comeram algo além de
lebres no meio da floresta. Uma lágrima corre pelo canto do
seu olho ao ver que ninguém lembrou de quem fez tudo aquilo.
Em seguida, todos voltam ao que estavam fazendo antes,
deixando de lado a refeição que agora parece ter sido
atropelada por um tornado.

Digam-me: como não deificar uma pessoa dessas? Como não
tratar um ser que se sacrifica tanto por nosso paladar como
uma encarnação divina, digna da mais alta adoração? Sim,
este texto é exactamente isso. Uma homenagem, uma ode aos
seres superiores que são os cozinheiros. Jamais, em toda a
minha existência, ousarei me comparar a uma destas
criaturas. Perto deles, sou um nada.

Se você é um destes anjos sobre a Terra, este texto é para
você. Se você consegue fazer algo mais do que um sanduíche
de presunto, um miojo ou um cachorro-quente (cachorro-quente
como eu faço, que fique bem claro, só pão e salsicha), este
texto é para você. Até mais do que uma homenagem, é um
agradecimento. Um muito obrigado por tornar a vida mais
agradável.

Na próxima vez que alguém cozinhar para você, vá até esta
pessoa e aperte a sua mão. De preferência, abrace-a
entusiasticamente. Lembre-se que, se não fosse por ela, você
poderia estar comendo rúcula.

De: Silvio Pilau |


Minha opinião:
É verdadeiramente magnífico, quando sabemos
valorizar o trabalho alheio. Eu que o diga, pois a cozinha é minha vida, a minha terapia de vida.
Como sabe bem ver que somos reconhecidos pelo nosso esforço,
no qual empenhamo-nos no bem servir, transformando
ingredientes simples, em maravilhosos pratos.

É assim a vida de alguém que ama verdadeiramente a sua
profissão, e a ela se dedica de corpo e alma, para dar a mim
e a você o melhor.


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